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Zé Pereira

do interior de Minas à luta por dignidade nos Estados Unidos

Nascido em Sabinópolis, no interior de Minas Gerais, José Antônio Pereira — carinhosamente conhecido como Zé Pereira — carrega em sua trajetória a força de quem nunca deixou de sonhar, mesmo diante das adversidades. Filho de Sebastião, o popular "Seu Taozinho", e de Maria, a querida "Dona Mariquinha", cresceu em um lar humilde, mas repleto de valores e afeto. Desde cedo, sabia que sua vida seria movida por coragem e esperança.

Aos 14 anos, deixou sua cidade natal e foi morar em Belo Horizonte. Na capital mineira, enfrentou a dureza do trabalho braçal com bravura: foi serralheiro, servente de pedreiro, borracheiro e motorista de guincho. Morava nas dependências de um ferro-velho, onde também guardava seus sonhos. Apesar das limitações financeiras e da ausência de formação acadêmica, Zé sempre foi um homem de fé e imaginação fértil. Seu maior sonho, desde menino, era entrar em um avião — sonho que parecia inatingível para quem mal podia comprar o básico.

Um dia, tomou coragem, vestiu sua melhor roupa e foi ao Aeroporto da Pampulha ver os aviões de perto. Foi atendido por uma funcionária da companhia TAM que, sensibilizada com sua história, permitiu que ele conhecesse a aeronave por dentro. A experiência marcou tanto sua vida que, nos anos seguintes, a própria empresa o presenteava com passagens gratuitas dentro do Brasil. Com isso, Zé Pereira teve a chance de realizar várias viagens, sendo a última delas ao Ceará, em 1999.

Ainda em 1999, motivado pela vontade de vencer, decidiu tentar a vida nos Estados Unidos. Apesar do ceticismo de uma agência de vistos, teve sua permissão aprovada por 10 anos. Embarcou para Miami no dia 2 de dezembro daquele ano, levado ao aeroporto por amigos queridos. Participou de eventos sobre marketing de rede e comércio eletrônico, tentando empreender mesmo com pouco conhecimento na área. Após alguns anos, passou a atuar na construção civil e, mais tarde, nos restaurantes como churrasqueiro, garçom e motorista de limusine.

Nos fins de semana, nunca deixou de trabalhar — seja como entregador, seja em festas e eventos brasileiros. Participou de diversas edições do Brazilian Day em Nova York, sempre levando sua alegria e disposição. Tentou ainda se envolver com o teatro, paixão que alimenta até hoje com esperança de voltar aos palcos um dia.

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Mas nem tudo foram flores. Zé enfrentou sérias dificuldades com sua situação imigratória. Após se decepcionar com advogados, decidiu agir por conta própria: há 16 anos, escreve diariamente cartas à Casa Branca, totalizando mais de 3.200 correspondências enviadas a presidentes norte-americanos. Ainda não obteve resposta satisfatória, mas segue firme no propósito, movido por uma fé inabalável.

Mesmo sem documentos, Zé Pereira nunca deixou de lutar por sua comunidade. Envolveu-se com sindicatos e organizações em Massachusetts, e foi uma das vozes ativas na conquista da lei estadual de 2021 que garante carteira de motorista a imigrantes indocumentados. Sua dedicação à causa é reflexo de uma vida moldada pelo trabalho árduo, pela solidariedade e pelo desejo de justiça.

Hoje, prestes a completar 62 anos (09 de setembro), Zé Pereira continua sendo motorista de Uber e inspiração para todos que o conhecem. Mas, acima de tudo, permanece como símbolo de resistência, humildade e esperança. Uma história que atravessa continentes, tocando corações com sua autenticidade e verdade.

Zé Pereira é um exemplo de imigrante que chegou aos Estados Unidos em busca de uma vida melhor e também um exemplo do trabalhador que contribuir para a sua comunidade e o crescimento do país.

“Tenho um grande amor na minha vida. Conheci a Lúcia em uma festa Agustina, na cidade de Sabinópolis, em 1995, na verdade já nos conhecíamos desde criança, mas quando a vi em 1995 fiquei apaixonado. Namoramos quase cinco anos. Eu não tinha muito juízo e em 1999 resolvi aventurar e conhecer os Estados Unidos da América, mas ela não pode me acompanhar. Silenciamos por muito tempo, mas ela não se envolveu com outra pessoa e eu também não consegui me envolver com outra pessoa. Por respeito a história dela que é um longo capítulo.  Mas até hoje estamos correspondendo a distância e depois de 25 anos, não desistimos um do outro”.

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